Você sabia que, apenas no ano de 2021, mais de 150 milhões de peças falsificadas, de seis categorias distintas de produtos esportivos, foram comercializadas no Brasil? O volume representa cerca de 35% do total do mercado esportivo nacional.
Hoje, o comércio ilegal é um problema sério para a economia do Brasil. E foi-se o tempo em que a pirataria era praticada por indivíduos que buscavam um mínimo de renda para subsistência de sua família. Atualmente, essa prática ilícita é amplamente utilizada por grandes redes do crime organizado que usam essa via como forma de financiamento de suas operações.
Mas você sabe quem realmente perde com essa prática? O site da ÁPICE conversou com Renato Jardim sobre o tema, e o diretor executivo da entidade explicou que o maior prejudicado acaba sendo o consumidor.
“As pessoas que consomem itens esportivos falsificados adquirem produtos de baixa qualidade, prejudicando o desempenho nas atividades físicas e aumentando as chances da ocorrência de lesões e danos permanentes à saúde”, explica. E acrescenta: “os calçados esportivos falsificados, por exemplo, possuem falhas no acabamento, formato fora dos padrões originais e menor durabilidade. Ou seja, além de prejudicar a saúde, a vida útil do produto terminará em período muito menor de tempo quando comparado a um produto original, obrigando o consumidor a fazer uma nova compra”.
Renato aponta outra nuance desse problema: em 2021, o volume do comércio ilegal foi responsável por um prejuízo de R$ 9 bilhões às marcas esportivas. “A pirataria sequestra empregos da indústria formal — em 2021 ocasionou a perda de milhares de postos de trabalho —, espanta investimentos, prejudica o varejo formal, impede a intensificação de apoio das marcas aos clubes, atletas e eventos esportivos em geral, deteriorando o ambiente de negócios”, conta.
Além disso, a pirataria causa evasão fiscal: em 2021 foi registrado um rombo de R$ 2 bilhões aos cofres públicos, consequência dos impostos não recolhidos. “A realidade é que a pirataria também limita a capacidade dos governos cumprirem suas funções de forma mais adequada”, explica Renato.
De acordo com o diretor executivo, a efetiva redução da oferta e consumo de produtos piratas no Brasil somente ocorrerá como resultado de um conjunto de ações e medidas, tanto públicas quanto privadas. Ele explica que as medidas mais importantes a serem tomadas são aquelas relacionadas às principais origens do problema, como, por exemplo, a elevadíssima carga tributária existente sobre alguns produtos que fazem com que seu preço seja muito mais elevado quando comparado a um produto pirata, influenciando assim a decisão de compra do consumidor pelo produto ilícito.
“Determinados produtos esportivos chegam a ter aproximadamente 60% de seu preço de prateleira no varejo destinados ao pagamento de impostos. Enquanto essa realidade existir, o combate à pirataria será sempre mais desafiador e menos eficiente”, finaliza Renato.
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