Consumimos menos roupas e calçados em 2025 do que em 2007. Por quê?
A SGI Europe (Sporting Goods Intelligence) listou os 50 maiores varejistas esportivos do mundo. Juntos, faturaram em 2024 US$ 150 bilhões (cerca de R$ 800 bilhões).
Entre eles, duas redes têm operações no Brasil: a maior do mundo (de origem francesa) e a 25ª (brasileira!).
É significativo estar no mapa, mas, pelo tamanho e perfil da nossa população, o Brasil poderia ter um peso muito maior no consumo global de artigos esportivos.
Um dos freios é o nosso ambiente comercial fechado. Em 2007, o Brasil elevou tarifas de importação de vestuário e calçados de 20% para 35%, mantendo desde então uma das alíquotas mais altas do mundo para o setor.
O resultado aparece nos dados. Segundo o IBGE, as vendas de vestuário e calçados (em geral, não apenas esportivos) caíram 4,4% quando comparamos 2025 com 2007.
No mesmo período, o varejo total brasileiro cresceu quase 70%.

Ou seja: em 2025 compramos menos roupas e calçados do que em 2007 — quase 20 anos depois, andamos para trás.
Tarifas elevadas por tanto tempo reduziram diversidade de produtos e preços, inovação, qualidade, entre outros atributos. Sem atratividade, o consumidor migrou seu gasto para outros bens e serviços (como mostra o desempenho de outros segmentos do varejo no gráfico).
Isso vira efeito dominó na cadeia. A indústria nacional de vestuário e calçados vende quase tudo no mercado interno (cerca de 99% em vestuário e quase 90% em calçados). Se o varejo não cresce, a indústria também perde — e a sensação vira “desindustrialização”, quando, na prática, faltou mercado.
Fica a pergunta: como estaria a indústria se o varejo de vestuário e calçados tivesse acompanhado o crescimento médio do varejo entre 2007 e 2025? E o impacto na economia e na sociedade?
O Brasil precisa rever, com urgência, políticas que comprovadamente geram danos, como as barreiras comerciais prolongadas que nos tiraram dinamismo.
Precisamos agir: que medidas ajudariam a destravar o setor — competição responsável, acordos comerciais, redução gradual de tarifas, agenda de produtividade e inovação?
Sobre a ÁPICE
Somos a ÁPICE, Associação pela Indústria e Comércio Esportivo, formada pela união de empresas nacionais e internacionais do setor. Nascemos em 2010 com o objetivo de ser o canal institucional das marcas, do varejo e da indústria de produtos esportivos que atuam no Brasil, junto ao governo, a entidades públicas ou privadas e à sociedade em geral.